Órbita heliossíncrona
A órbita heliossíncrona[1] é uma caso particular de uma quase órbita polar. O satélite viaja do pólo norte para o pólo sul e vice-versa, mas o seu plano de órbita é sempre fixo para um observador que esteja postado no Sol. Assim o satélite sempre passa aproximadamente sobre o mesmo ponto da superfície da Terra todos os dias na mesma hora. Desta forma ele pode transmitir todos os dados coletados para uma antena fixa terrestre, durante suas órbitas.[2][3]
Aplicações
[editar | editar código-fonte]Geralmente os satélites hélio-síncronos são satélites de média e baixa órbita, com altitudes variando de 550 até 850 km. Orbitam com uma inclinação em relação ao equador de 97 a 98º.[4]
Como a Terra se move em torno do Sol, para manter seu plano de órbita constante, os satélites de órbita hélio-síncrona devem rotacionar aproximadamente 1º para o leste a cada dia.[4]
Mas como a Terra não é exatamente uma esfera, os satélites de órbita polar podem ser afetados por uma força adicional da gravidade, cuja componente principal é causada pelo achatamento da Terra. A altura do satélite, quando viajando sobre os polos, está abaixo de 1.000 km e deverão ser afetados pela assimetria da Terra, quando transitando sobre o equador, onde a altitude do satélite será menor. Esta assimetria atua como uma força que lentamente roda o plano de órbita do satélite em torno do eixo da Terra. Se a órbita for exatamente polar (inclinação de 90º), o plano da órbita não rodará. Se a inclinação for em torno de 8º do eixo polar (ou seja, uma inclinação de 98º, levemente retrógrada), o plano da órbita executará uma rotação completa em torno do eixo da Terra em um ano.[5]
Detalhes técnicos
[editar | editar código-fonte]O efeito do achatamento sobre o nodo ascendente da órbita se expressa por:
(rad/órbita) sendo:
- Ω - ascensão reta do nodo ascendente da órbita
- J2 - achatamento terrestre dinâmico
- R - raio da Terra
- a - semi-eixo maior da órbita
- e - excentricidade orbital
- Inc - inclinação orbital
Existe um tipo especial de órbita hélio-síncrona que é aquela em que o satélite sempre recebe a luz do Sol. O satélite orbita de um lado da Terra quando é o seu amanhecer e o outro lado da Terra, quando é o seu pôr do Sol.
A tabela abaixo se refere às características orbitais do satélite brasileiro CBERS, que apresenta órbita hélio-síncrona.
Tipo de órbita | Hélio-síncrona |
Altitude | 778 km |
Inclinação | 98,5 graus |
Cruzamento com o Equador | 10:30 h (nó descendente) |
Ciclo orbital | 26 dias |
Órbitas por dia | 14,35 |
Duração de cada órbita | 100,26 min. |
Referências
- ↑ Tscherbakova, N. N.; Beletskii, V. V.; Sazonov, V. V. (1999). «Stabilization of heliosynchronous orbits of an Earth's artificial satellite by solar pressure». Cosmic Research. 37 (4): 393–403. Bibcode:1999KosIs..37..417S. Consultado em 15 de agosto de 2019. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ «SATELLITES AND ORBITS» (PDF). Arquivado do original (PDF) em 16 de maio de 2018
- ↑ «Types of Orbits». marine.rutgers.edu. Consultado em 24 de junho de 2017
- ↑ a b Rosengren, M. (Novembro de 1992). «ERS-1 - An Earth Observer that exactly follows its Chosen Path». ESA Bulletin (72). Bibcode:1992ESABu..72...76R
- ↑ Rosengren, Mats (1989). «Improved technique for Passive Eccentricity Control (AAS 89-155)». Advances in the Astronautical Sciences. 69. AAS/NASA. Bibcode:1989ommd.proc...49R